Pessoas Lindas!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dança do Ventre - Respostas


1)Por que a Dança do Ventre tem caráter artístico?
Porque a Dança do Ventre se enquadra na categoria “Artes Cênicas”, ou seja, por ser “Dança” já está inserida em uma categoria da Arte. O que legitima essa Arte é o fato de ser uma Dança belíssima, com acessórios ricos em brilho e detalhes e por ter várias nuances que podem ser exploradas, como fusões, folclore e elementos artísticos que foram incorporados ao longo dos anos, de outras modalidades de dança.


2)Quais as origens da Dança do Ventre?
O fato é que NÃO EXISTE um consenso até hoje sobre as origens dessa dança, bem como nenhum método didático ou nomenclatura definidos e reconhecidos, como no ballet por exemplo.
O próprio nome “Dança do Ventre” é controverso, assim como suas origens. Na realidade, o original é Raks El Sharki, que em árabe é algo próximo à “Dança do Leste” que pode ser interpretado pela região Leste dos países do oriente médio, ou a direção do nascer do Sol. O fato é que há registros da Raks El Sharki em papiros antigos e desenhos nas pirâmides e tumbas do Egito datados de mais de sete mil anos. Inicialmente a dança era uma maneira de entrar em contato com o religioso e posteriormente adquiriu significados variados, como ritualísticos e fertilidade.

O interessante é que sempre, em algum lugar do Egito, havia uma família em que as mulheres transmitiam ,de geração a geração os fundamentos dessa dança e com o passar dos anos ela foi incorporada em praticamente toda a extensão do Oriente Médio e com os avanços e colonizações, difundiu-se pelas Américas. O nome “Dança do Ventre” vem do termo “Belly Dance” que em inglês, significa “Dança da Barriga, do Ventre” sendo esse o termo mais utilizado, assim como Dança Árabe.

3) Mas a Dança Original que era praticada antigamente se perdeu? Como saber quais as verdadeiras raízes dessa dança e como dança-la de modo adequado?
Um consenso que existe entre profissionais (bailarinas com anos de dança e pesquisas) é o de que devemos sempre buscar a “fonte” em bailarinas egípcias. O fato é que, com o passar dos anos muita coisa foi se misturando na dança. A influência do ballet clássico, do flamenco, dança afro, à medida que as bailarinas evoluíram em suas modalidades, houve uma necessidade de buscar novos caminhos e experimentações de fusões em passos de dança, então realmente muitos elementos da dança original foram diluídos.

Mas um caminho é buscar estudos nas bailarinas egípcias devido ao fato do Egito ser considerado o berço da Dança do Ventre, para isso há muitos grupos folclóricos no Cairo que estudam com afinco a fim de não se perderam essas informações genuínas. Além disso, temos uma série de boas bailarinas que trazem workshops com esses renomados estudiosos e bailarinos, como Yoursery Sharif, Haquia Hassan, Morocco, entre outros. Uma dica primordial é: mantenha o bom senso. Jamais perca o fundamento básico, que é: “A Dança do Ventre é uma dança antiga e merece respeito.”

Dentro da própria dança há estilos diferenciados e definidos por regiões. Há pontos a serem destacados de maneiras diversas na dança das turcas, libanesas, as próprias egípcias...ou seja, dentro de um mesmo conceito, podemos encontrar várias nuances. Isso não é ruim ou errado, mas deve ser estudado e demonstrado nas coreografias e apresentações com muito zelo e respeito, além de ser fiel ao estilo da época.

4)Qual a melhor forma de estudar as fontes?
Pesquise em bons sites. Veja os links sugeridos aqui no blog. Também temos uma seção de Artigos voltados especialmente para melhor compreender essas nuances. E, utilizando os recursos virtuais, temos ainda o You Tube, que nos brinda com vários vídeos antigos de bailarinas egípcias.
Há bons livros, eu sempre indico “Dance e Recrie o Mundo” escrito pela Psicóloga Lucy Penna,uma brasileira que traduziu muito bem os fundamentos da Dança e ela fez questão de dispor uma ampla biografia em seu livro, no rodapé de cada página.

5) Há limites para a dança do ventre?
Não, basta ter BOM SENSO. Como toda Arte, suas possibilidades são infinitas, quanto mais criativa a bailarina, mais sublime a sua dança.

6) E a questão da idade?
Quando eu comecei a dançar, havia na minha sala mulheres de mais de 30 e meninas de 15. Eu, que por anos dancei o ballet, fiquei surpresa com essa multiplicidade de corpos, formas e de como era possível todo mundo dançar “igual” no sentido de fazer o que a professora solicitava, pois no ballet sabemos que isso é praticamente impossível, pois a flexibilidade de uma aluna iniciante e com certa idade difere muito de uma veterana de outra idade... enfim, eu pensei: “essa dança é diferente, todas conseguem”!

Mas, quando isso funciona no palco, temos um ponto negativo que é o efeito visual que isso traz, uma “escadinha” nos tamanhos e corpos em idade diferentes dão a sensação de uma certa ‘bagunça”, na minha opinião. Quando eu comecei a dar aulas, senti a necessidade de criar uma divisão por idade nas turmas, até mesmo porque a evolução física e cognitiva de uma criança é muito diferente de uma jovem ou senhora. Portanto, não há limites de idade para dançar, mas há a necessidade de haver categorias e turmas especiais para cada nível de desenvolvimento físico.

7) O que você acha da dança do ventre ser tão discriminada? As pessoas geralmente a associam com algo errado....
A Dança do Ventre não é discriminada. A Bailarina é que permite esse conceito. Eu jamais sofri qualquer preconceito ou olhar masculino abusivo, ao menos nunca percebi. O fato é, se você como bailarina é profissional e trata a dança com respeito, irá receber o mesmo, como tudo na vida, é ação e reação.

O que pode acontecer é, por desinformação, as pessoas terem uma visão errônea e aí cabe a bailarina mostrar uma dança de qualidade e falar sobre a dança, seus fundamentos e mostrar que há um conteúdo maior por trás de cada movimento.

Claro que, se existe aquela bailarina que trata sua dança como um artifício de sedução (dançando para o namorado,marido em trajes sumários em casa, em festinhas para amigos, etc.) com certeza ela denigre sua própria imagem e dá ao outro o direito de pensar que as bailarinas em geral também têm a mesma postura. Cuidado! Depois não terá o direito de reclamar ou sentir-se ofendida...Dança do Ventre é Arte, antes de tudo! Cuide de sua postura e reflita o que a dança representa para você.

8) Cite os principais erros de uma bailarina.
Eu detesto as palavras “erro” e “acerto”. Simplesmente prefiro utilizar “Tentativa e experiência”. Não dá para chamar de errado algo que na realidade ninguém sabe qual é o certo! Mas como priorizo o bom senso, penso que há tentativas que não são bem sucedidas, como por exemplo, a bailarina que ouvir falar sobre o “Said”, decide dançar isso e o faz até que bem, mas não utiliza a música apropriada e nem o traje adequado. Isso eu considero um desrespeito com a Arte, pois os recursos estão todos aí, estude e traga isso para sua dança, a fidelidade ao conceito!

Um outro ponto importante é a vaidade. Isso é prejudicial no ser humano, em todos os aspectos. A bailarina que dança pensando “ olha como sou linda, olha como danço melhor” para mim é o pior tipo, que contamina a energia do local e traz para si a vulgaridade, que ninguém deseja... A falta de preparo técnico e físico também é um fator perigoso, pois podemos nos machucar quando não temos um bom preparo e pagar micos temíveis quando falta técnica. O maior benefício para a bailarina, já que não gosto de falar no erro, vamos pensar que o benefício maior é o TREINO. Isso ajuda em tudo!

9) O que é a dança para você?
Uma vez eu li algo escrito pela bailarina Yasmine Amar em que ela dizia mais ou menos assim, que ela não utilizava o termo “professora” mas sim “facilitadora” pois, para ela, era impossível ensinar o que todas já sabem, para ela a dança do ventre é algo tão feminino, tão intrínseco, que ela apenas “lembrava” a cada uma como dançar. Achei isso de uma preciosidade tamanha, que sempre lembro e gosto de citar. Para mim a dança é isso, é sentir, é transmitir. Cada uma dança o que tem dentro de si e cada um que nos assistir irá sentir o que lhe fizer bem, o que o faz sentir uno com a bailarina. Mais do Arte, a Dança para mim é gratidão, é estar grata a Deus por estar viva, pelo meu corpo, por poder Dançar, além é claro de ser u m meio ímpar de estudar e conhecer a cultura de vários povos e poder traduzir isso através da dança.

10) E os benefícios, por ser uma arte que trabalha o movimento, quais benefícios ela traz?
A Dança trabalha todos os mecanismos do corpo, de maneira completa. No físico, com toda a musculatura, articulações e possibilidades do movimento e eixo. No psíquico, a intensidade dos estímulos nos permite um trabalho completo, com todos os sentidos através das músicas, da textura e aroma dos tecidos, a suavidade dos movimentos e toques em nosso corpo além das questões de lateralidade, equilíbrio, coordenação ampla e controle dos membros, citando ainda que trabalhamos com todo o aparato do ventre, nossos órgãos internos são massageados e estimulados através dos movimentos e intensidade com que os executamos. Há pesquisas cada vez mais sérias sobre os benefícios mentais, como memorização, criatividade, auto-estima e segurança emocional.

Eu considero ainda, devido a gama de movimentos que executamos com os braços e meia ponta, que é uma das modalidades que mais molda o corpo de maneira gradual e forte, fica lindo!

11) O que a mulher que faz Dança do Ventre tem, que as outras não têm?
Não a dança do ventre em específico, mas a mulher que tem qualquer laço com alguma atividade artística, possui aquele “tempero” a mais , não é? A segurança, a postura, os modos elegantes e delicados, a presença em cena. A gente percebe que é bailarina pelo andar, pela maneira suave de se posicionar em certas ocasiões. Além do conteúdo bem mais rico, pois a mulher que possui arte possui conhecimento, isso é fato.

Um “que” a mais que a Dança do Ventre nos traz é a amplitude de assuntos que estudamos, pois precisamos conhecer desde a cultura regional de um povo, passando por músicas e ritmos diferentes, trajes para cada modalidade, livros sobre os temas e conhecimentos “genéricos” sobre palco, eventos, maquiagem, relacionamento em grupo, um sem fim de assuntos! Na verdade a mulher que tem coragem de aprender algo e colocar isso em prática sem medo de ser feliz, certamente tem um que a mais e isso é maravilhoso, seria ótimo se todas pudessem experimentar a arte em suas vidas, não importa em qual categoria.

Dança, escultura, pintura, poesia, música, teatro...caminhos há muitos, basta dar o primeiro passo e sem medo de cair, pois a verdadeira bailarina ,faz da queda um passo de dança, não é mesmo?!