Pessoas Lindas!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Perdão


Perdão, querido Elefante, por nós humanos, sermos uma raça tão irracional.

Beijo suas patas, machucadas pelas correntes, enxugo sua urina de medo e dor, te faço um carinho e canto uma canção.

Porque eu ainda quero acreditar que o ser humano é bom.

Se você me aceitar, elefante, eu ficarei muito feliz.

Faço uma prece por você, e por todos nós, humanos.
Peço desculpas, em nome de toda a minha espécie, Elefante.
Na verdade, ando muito ocupada pedindo desculpas e rezando pelos meus iguais, que também acorrentam crianças, trabalhadores em minas de carvão, famigerados nesse nosso mundo.
Você me desculpa?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Feliz Ano-Novo!!


Sim, porque tudo nesse país só começa, de fato, após o carnaval... então, FELIZ 2009 à todos!


E quero começar agradecendo o novo ano, que 'começa' tão cheio de coisas boas... pessoal, finalmente meu estúdio de dança está tomando forma... construção bombando, e logo,logo inauguramos. Claro que vou colocar fotos por aqui depois, pois tudo está ficando tão bacana, que preciso compartilhar!

O mais legal é a equipe que vai trabalhar conosco, só fera! Em breve vocês vão saber mais!

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Em tempo: eu realmente não gosto de carnaval, não gosto da multidão suada e se apertando em blocos, ruas e salões esfumaçados. Não gosto, acima de tudo, da programação da Tv, dos desfiles que perderam a alegria natural em meio aos silicones e musas desprovidas de quaisquer amor pelo samba- que aliás, quase não existe mais.


Mas eu quero demonstrar aqui o meu RESPEITO pelos músicos que animam as festas de carnaval, pois acompanhei isso muito de perto esse ano, já que meu marido foi percussionista de uma banda fantástica que animou o carnaval aqui de minha cidade, a Hérika Dantas & Banda.


E eu acompanhei os ensaios, o estudo tão necessário e exaustivo, principalmente para tocar o Axé. Não, eu não gosto de axé, mas preciso registrar o respeito aos que executam esse estilo de música, que não parece- pelas letras- mas é bastante elaborado no quesito de harmonia, a música em si.

E os bailarinos? Gente, dançar mais de quatro horas, sem intervalo, com as coreografias maluquetes! Eu não tenho fôlego,não! Mesmo não gostando da música, mas parabéns aos bailarinos de axé !!

Só que, eu, que 'não gosto de carnaval', confesso a vocês que, quando menos esperava, estava 'pulando' pelo salão, embalada pelo ritmo delicioso da percussão, o afro, o axé, o samba, as marchinhas. E aí encontrei a 'parte boa' do carnaval.
E acho que devo ter emagrecido nessas últimas noites, de tanto que dancei! (mais um lado bom! , hi,hi)

Que bom que o mundo não é 'preto e branco' apenas!
Que bom poder ver sempre um outro lado e saber aproveitá-lo.
Com certeza me diverti muito e ampliei meus horizontes com esse novo ponto de vista.

Heverson e eu, meu amigo querido, que cuidou de mim nesse carnaval e 'pulou' comigo pelo salão!
Te amo, 'Son' obrigada pela companhia!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Confetes e Serpentinas


Não, eu não gosto de carnaval.
Mas já me acostumei a dizer isso, e nem me importo com as caretas que seguem, ou as mesmas velhas perguntas:
"Onde vai passar o carnaval?"
"POR QUE você não gosta de carnaval???"
"Mas COMO você não gosta? Então muda de país"

Eu sempre dou o velho sorriso e a respostinha que adoro:
"Tenho Preguiça."
Pronto. É minha resposta predileta (pra tudo que me enche) 'Tenho preguiça'.

Então, deixo com os que também não gostam de Carnaval, dicas bacanas para aproveitar o feriadão:

*Livros:

"As Cinco Linguagens do Amor"
"A Sombra do Vento"
"Contos Mágicos Persas"
"A Gruta - Memórias da Amada Imortal"
*Foram meus companheiros nessas férias, recomendo todos, amei!

*Dvd's
"Lost" (sim, eu assisti as quatro temporadas em três semanas. O que será de mim quando acabar?)
"Fim dos Tempos"
"Ao Entardecer"
*Assisti muito mais nas férias, é verdade, mas não teria espaço útil para listar todos aqui! (sim, dei um lucro danado pro dono da Locadora e deixei meu E-Mule e Torrent bombando, dá-lhe conta de energia elétrica!)

E se você tiver uma espiritualidade evoluída, a ponto de tolerar o trânsito, a multidão, as músicas em alto volume e for passar o carnaval na praia, não esqueça: use filtro solar.

Vou curtir meu feriado aplaudindo o marido e coreografando.
Talvez limpe a piscina e fique vermelha, quem sabe?
beijo à todos, foliões! nos vemos depois da quarta-feira de cinzas!

=]

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Quando Eu Danço


"Quando eu danço
É como se a chuva fresca
Caísse sobre mim.

Quando eu danço,
Sinto que o conceito espaço-tempo
não existe.

Quando eu danço,
O céu e a brisa estão comigo.

Dançar ,
É cantar com o corpo,
É sorrir com a alma.

Dançar,
É sentir,
É expressar a dor e a alegria
de viver.

Quando eu danço
sei que estou protegida.

Quando eu danço,
Danço para Deus
E sei que Ele
Olha por mim.

Quando eu danço,
Sou um país sem fronteiras,
Um rio de água corrente,
Um feixe de luz.

Quando danço,
Sou o melhor que há em mim.
Meus mistérios são revelados, quando danço."

"Quando eu Danço" de Luciana Arruda
(poeminha escrito em 2002)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Aprendendo com o tempo (Ode a 'Clair de Lune')

*Especial para Naznin


Abertura 4ª Mostra de Dança (2006)


'Clair de Lune' foi amor à primeira vista em minha vida. Ouvi pela rádio 'Unesp' em Bauru, em meados de 1995, quando morava e estudava por lá. A Rádio Unesp tinha uma programação incrível e um dos programas era somente com música erudita. Lembro que gravei uma fitinha e ouvia repetidas vezes a música composta por Claude Debussy.


Debussy (1893)
Dez anos depois, na minha Pós-Graduação em Arte Terapia, fiquei extasiada ao descobrir que teríamos um módulo todinho só para falar de Debussy. E foi ali que conheci Vasili Kandinsky e seu livro 'Do Espiritual na Arte' e de como ele falava da importância do impressionismo para a arte espiritual, tendo Debussy e sua música, como um de seus maiores representantes.


'Nascer do Sol' Monet
O livro mudou minha maneira de produzir espetáculos, e mudou também minha dança, tanto que utilizei o livro como tema da minha 4ª Mostra e decidi: dançaria 'Clair de Lune' na abertura do espetáculo, inspirada em Lulu  e sua Rapsódia (quando ela dançou com um piano no palco, eu fiquei com muita vontade de fazer o mesmo!!)


Lulu (piano ao fundo) (2003)
O fato é que, isso marcou minha vida. Sabe, um daqueles momentos em que você sabe que está fazendo algo especial?


Meus eventos têm o apoio da prefeitura municipal e me lembro como se fosse ontem, na reunião com a saudosa Diretora de Cultura, a Dora, ela dizendo:
"Mas Luciana, como você vai colocar um piano no palco? Ah, eu acho que isso não vai dar certo não!"
Mas, como sempre, Dora me ajudou a realizar o show, do jeitinho que eu queria.

A melhor parte, foi convencer Beatriz Sala a tocar para mim. Beatriz é filha do Pedrinho, o 'Seu Pedrinho', um ícone em minha cidade, que possui um convervatório que existe há mais de cinquenta anos. Ele, clássico, sisudo, elegantérrimo, e Beatriz, a Rainha, a filha, a delicadeza em pessoa. Beatriz só tocava em recitais e audições. Musicista com formação, regente, professora.
E eu, uma formiguinha na dança e na vida, mas sempre sonhando alto.
Fiz o convite.
Ela aceitou na hora. Mas me disse:

'Será um desafio para mim. Não vou estar no meu lugar seguro, que é o conservatório, mas sim num palco e com uma bailarina ao meu lado. E tocando Debussy, que há anos não pratico! Mas eu quero fazer isso!'


Beatriz (Teatro da UNIP - 2008)
E assim iniciamos os treinos. Eu em casa, tentando fazer uma dança que fosse só minha, espirutal, como propunha o livro, me libertando de passinhos prontos, modelos, exemplos. Algo que tivesse tudo, ballet, contemporâneo, dança do ventre e ao mesmo tempo, tivesse nada, apenas um sopro, um sonho, uma 'impressão'.

Não coreografei. Fui ao conservatório apenas uma vez, para ver como Beatriz estava se saindo. Combinamos a pose inicial e final, eu ao lado do piano.

Decidi que iria usar uma roupa 'estranha', branco e prata, o clarão da Lua. Mas algo que fosse incomum, para que a platéia tivesse sua própria impressão. O impressionismo minimizado ali, naqueles metros de palco, com Beatriz e eu tentando dizer algo.

E cada um entendeu, a sua maneira.
E eu dancei, como há anos não fazia.
Sem coreografia ou lugar marcado.
Sem minuciosidades nem a técnica bonita.
Sim, reconheço: um pouco acelerada, afobada, uma mistura total.

Hoje, com certeza seria uma dança mais limpa, calma, delicada.
É gostoso ver o vídeo hoje, com um bloco de anotações para anotar todos os erros e pontos a melhorar. Nunca tive vergonha de dançar, nem da maneira como danço.
Porque sei que com treino, dedicação e tempo, tudo se corrige.
O tempo também ensina a gente a dançar.
Mas foi o que senti naquele momento.
Foi 'Clair de Lune' e eu.
E observar como o espetáculo em si evoluiu em apenas dois anos.
Iluminação, cenário, profissionais de foto e filmagem, a busca pelo melhor.
E houve um momento mágico em cena.
No minuto 3'13'', quando vi meu marido na platéia. Ele me olhava como se eu fosse o ser mais lindo que já caminhou na terra. E por dez segundos, eu dancei apenas para ele. Dá pra ver no vídeo.




Hoje, três anos depois, Beatriz toca com meu marido, no Trio de música instrumental. Somos amigas. E depois de tocar para um evento de 500 pessoas, ela perdeu o medo de sair do lugar seguro. Ela agora é requisitada para vários eventos, participações.

E, assim como eu, deixou 'Clair de Lune' impressionar a alma.

E eu estou aqui, contando tudo isso, porque a Naznin publicou um artigo lindo sobre o Arabesque e, com sua pesquisa muito bem feita, de alguma maneira chegou na música de Debussy. Era uma música que eu não tinha, e ela gentilmente me enviou.

Quando eu comentei que havia dançado 'Clair de Lune', ela quis ver.
E eu me lembrei que o dvd estava empoeirando na estante, e então assisti, postei no You Tube e agora, coloco aqui, para ela e para todos vocês.

Que cada um tenha a sua impressão.
E eu desejo mesmo, com todo o carinho, que cada bailarina possa vivenciar isso: uma música, uma dança, um momento mágico em cena, pois é disso que são feitos os sonhos.
Do momento fugaz, da impressão que fica.

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* e para quem quiser baixar 'Clair de Lune, está aqui ó.
Naznin, muito obrigada por compartilhar. Se tem uma virtude que eu admiro, é a generosidade.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ela, de novo

Ao coreografar, eu sempre busco não me repetir.
Quem trabalha com dança, sabe o quanto isso é difícil, pois os movimentos têm uma limitação, o que é infinito, são suas combinações.
E para inovar sempre, é preciso estudar e pesquisar, sempre.
Quanto mais fonte de inspiração, mais idéias.
Mas, não tem jeito.
Por mais que eu pesquise, estude, invente mil 'combos' (combinações), quando penso em braços, giros e expressão, sempre acabo visualizando ela: Irina.
Minha musa.

*E para quem não consegue imaginar o que patinação artística tem a ver com Dança do Ventre - e suas variações - veja o vídeo, e leia o que eu já disse sobre ela aqui.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Autêntica

"Imagine então uma dançarina que, após longo estudo, oração e inspiracão tenha atingido tal grau de entendimento que seu corpo seja simplesmente a luminosa manifestacão de sua alma, cujo corpo dança de acordo com uma música ouvida internamente, em uma expressão de um outro mundo, mais profundo. Essa é a dançarina verdadeiramente criativa, natural mas não imitativa, falando em movimento de dentro de seu ser e de dentro de algo maior do que todos os seres."
(Isadora Duncan)


Luciana Arruda
Foto by Henrique Perama

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Suspiro...


"Se você carrega um grande amor, em você mesma, ele é consciência!
Ele é luz em seu coração.
Ninguém pode tirá-lo de você.
Nem mesmo você!
Compreendeu?
Nem você será capaz de parar um grande amor, pois ele é maior...
E você será surpreendida por ele, muitas vezes, lindamente.
E descobrirá que ele está em seu coração, independente de você estar com alguém.
Se é um grande amor que mora em você, não há o que fazer.
Com alguém, ou não, você sempre o sentirá derretendo seu coração."
(Wagner Borges)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Dádivas da Profissão

Ana Laura

(Julho de 2008)

(Grupo Municipal de Dança)... Depois de duas horas de ensaio:

- "Então, turminha, entenderam a hora que é pra chegar amanhã? Cada um já sabe a roupinha que tem que trazer? Alguma pergunta, ficou alguma dúvida?"

Ela levantou a mão. Um dedinho gordinho e pequenino, em meio aos 50 alunos.

- "Tia, eu tenho uma pergunta!"

- "Pode falar, anjo."

- "O seu pai tem orgulho de você?"

Silêncio.

Algo em mim soou, como um alarme, uma sensação de que eu teria que responder com muito zelo. O ambiente mudou. Acho que foi a primeira vez que a turma toda ficou quietinha.

-"Bem querida, eu espero que sim. Por quÊ?"

E ela, com toda a naturalidade do mundo, me responde:

"- Porque eu não sei se meu pai tem orgulho de mim, tia, ele não fala muito comigo e eu acho que ele não vai vir para a apresentação."

Eu respiro, e sinto que se não agir rápido, minhas lágrimas vão chegar primeiro que a resposta.

Na verdade, eu não penso muito, digo com toda a certeza do mundo:

"- Seu pai ama muito você querida e tem, sim, orgulho de você, mesmo que ele não fale isso. E além disso, você também vai dançar para o maior e melhor Pai do mundo, o Pai de todos nós, que é Deus. Fique tranquila."

Ela sorri, e com um brilho nos olhos diz:

"- Então tá bom, tia, era só isso que eu precisava saber."


Eu dei um abraço tão apertado nela, na saída da aula, que ainda me pergunto como não fraturei sua costela.

E ela tem apenas sete anos.


E vou me lembrar disso a vida toda, e é por isso que não estou nem um pouco triste pelo fim das férias.

Que saudade das minhas crianças!

Volta às aulas!

=]
*e sim, isso é uma história real.