Pessoas Lindas!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Guenta Coração


Essa sou eu, conferindo o traje de dança que acabou de chegar, costurado e bordado pela mamãe.
Domingo, dia 03 estarei dançando para a Banca da Khan el Khalili e depois, no Harém.
Vim aqui rapidinho só pra dizer pra vocês que é uma sensação única.

Minha história com a Khan el Khalili já dura 08 anos... viagens para estudo, para ver os shows, pouca grana, muitas vezes passei frio, tomei chuva, fiquei horas na Barra Funda, dormindo sentada porque não tinha grana pro hotel, muitas horas fazendo workshops somente com um pão de queijo de refeição, viagens de mais de 08 horas de ônibus...

Uma realidade que muitas outras bailarinas desse Brasil sabem do que se trata.

Essa garota da foto, sou eu. Um filme passa pela minha cabeça. Hoje aos 34 anos, Bacharel em Psicologia e trabalhando na área, nem eu mesma adivinhava que a Dança seria tão importante e significativa em minha vida.
Além de Psicóloga, sou Bailarina. Tenho meu estúdio, minhas alunas.
Conheci meu marido por causa da dança.
Muita vida aconteceu e acontece por causa dela, A Dança.
Dançar na Khan el Khalili, mais do que a busca pelo Padrão de Qualidade, é uma validação das profissionais que eu admiro, estudo, entrevisto.
Como vai ser dançar para elas, sendo que tudo o que tenho vontade de fazer é aplaudí-las?
De tudo, fica a alegria de pisar naquele chão que amo tanto, que muito me ensinou, que muito me fez crescer.
A menina que há oito anos atrás chegou ali - ainda - de tênis e jeans, muitas vezes sendo olhada de cima abaixo por 'gente da cidade grande', gente que viajava para o Egito como quem vai na padaria, gente que usava salto e ria do meu sotaque, mas enfim: gente que me fez aprender a ser gente.
Um mundo novo, nem sempre fácil, mas sempre prazeroso.
Por causa da Khan el khalili meu site nasceu, este blog nasceu, os contatos com bailarinas de muitos lugares do Brasil e exterior, o carinho de pessoas que mesmo virtualmente, enchem meu coração.
A Luciana Arruda do dia a dia é assim, gente. Na foto só não apareceu meu All Star, companheiro de todos os dias.

Meu coração hoje sente alegria, ansiedade, nervosismo, medo, responsabilidade e a angústia da espera.

Mas também se alegra com o carinho dos que estão torcendo, amigos, família, alunas, dos que já reservaram convite pra me ver, dos e-mails, twits e torpedos que venho recebendo desde ontem a tarde...

OBRIGADA!

Ao contrário do que muitos imaginam, meu lance não é com o Padrão de Qualidade.
É comigo mesma, minha superação, minha auto-estima, meu momento.
Algo muito meu, que não compete ser descrito aqui e nem explicado para ninguém.

Vou curtir cada segundo.

E adoraria que vocês estivessem lá!

Se eu escrever mais, vou chorar de novo.


Depois conto tudo pra vocês.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Talento dos Outros

Em 82 anos, minha cidade - Guararapes-SP nunca havia visto um evento assim.


Em um só dia, no Domingo 19, reunimos mais de 100 artistas da área da Música e da Dança para demonstrar o seu talento, serem analisados por um júri especializado e premiados com troféu, dinheiro e descontos em estudos de sua área.


Marido e eu tivemos a idéia em meio a um bate papo com um amigo e durante um café da manhã, rapidamente visualizamos como seria esquematizado todo o processo.

Foi muito tranquilo a execução de tudo.


Nessas horas eu agradeço ao universo por ter me mostrado o caminho das pedras, afinal lá se vão seis anos realizando espetáculos com minha Cia de Dança - que entra em sua oitava edição em Dezembro; experiências como Jurada do Mapa Cultural e Eventos que ja perdi a conta em desfiles, carnavais, shows; e a confiança nos prestadores de serviços que eu sabia que um evento assim demanda.


Meu marido é um homem de ação, ele desconhece a palavra cansaço ou preguiça. As vezes tem um tempo diferente do meu, mas sempre acaba fazendo com excelência a parte prática da coisa.


Eu sou a que fica elaborando tudo no plano das idéias, do papel, a que fica horas no computador até o corpo adormecer, depois delegando mil funções e dirigindo a trupe.

Para criar o regulamento, estabelecer regras e requisitos, foi uma madrugada inteira.

Quem me conhece sabe: funciono como vampiros, tudo é a noite e de madrugada então, me sinto quase um gênio.


Decidimos que, para ter credibilidade o evento deveria ser o mais transparente possível. Colocamos tudo on line (http://www.talentosmosaico.blogspot.com/) e peguei minha agenda de contatos para ter o melhor corpo de jurados do segmento cultural e artístico.


A parceria com o Guararapes Clube foi fundamental. A estrutura que o local tem abrigou com conforto e segurança todos os participantes, e o palco e camarim não fica devendo nadinha aos grandes teatros.


Não tivemos tempo nem disposição para correr atrás de patrocínio, não que não precisássemos, mas porque sabemos como é complicado vender uma idéia em sua primeira tentativa de realização.


Mesmo assim, em conversas muito agradáveis e ágeis, conseguimos um rede de apoio fundamental para tudo dar certo.




Em apenas um mês divulgamos, abrimos inscrições e preparamos tudo. Com poucos recursos, utilizamos a rede virtual como nosso maior aliado. Poucos anúncios no jornal local, muitos folders e spams, e no prazo estipulado, 17 inscritos na área de Dança ( entre grupos, solos, duos, um elenco de mais de 40 bailarinos) e 09 na de Música.


Para uma primeira vez, numa cidade de 28 mil habitantes e tempo mínimo, a medida ideal. Tudo o que queríamos, para efeito de 'evento teste'.


Alguns dos participantes do Festival, antes de entrar em cena



Um número de pessoas que pudéssemos lidar de maneira traquila, numa primeira vez.

Tive uma equipe de ouro para coordenar tudo.


Tina, Helen e Maeda se transfomaram em 300 e simplesmente fizeram o evento ser um sucesso.

Nathália aparecia para apagar incêndios momentâneos, e apesar de mais gente querendo ajudar, achei que a trupe estava em sintonia e tudo fluiu.


E o melhor: sem estresse, sem charminho, cada uma sabendo seu espaço. Um lindo exemplo:

Ao invés de criticar, ajude.


Eu ainda estou pensando numa maneira de agradecer à elas.

E ao Jhonatan, filho da Tina, que me socorreu a tarde vendendo ingressos, numa procura fabulosa: mais de duzentas pessoas presentes num evento pago por aqui, é sonho. E nós realizamos!

Não é preciso muito para realizar. Nem pessoas, nem recursos.

Nunca tive ambos. Mas sempre deu tudo certo, porque são as pessoas certas, e as negociações certas para dar conta de tudo depois.


Lindos troféus, patrocinados por Vidraçaria São Pedro e Ápice Comunicação Visual


Não lucramos nada que possa ser anotado, tipo conta de paderia. Mas ganhamos muito em experiência, arte, contatos e alegria pro povo, meu maior prazer nessa vida: fazer o povo feliz.


Os 100 artistas tiveram um camarim com água a disposição, energéticos, salgadinhos e petiscos. Um amplo salão com pufes, almofadas, alguns espelhos - isso graças as alunas e amigas que emprestaram - e a recepção com a calma e a energia do bem da Helen e Maeda, deixando todos que chegavam muito a vontade.


Fiz questão de ir falar com todos antes do evento começar, alguns me olhavam tipo: 'quem é essa louca que quer dar as mãos para fazer uma vibração?' bem, a louca que conseguiu arrancar risos e aliviar o clima antes do show, no final todos curtiram muito, objetivo alcançado.



Durante a manhã, a Dança.

2 horas de show, luz e som impecável do Julio Gama, organização de todos.


Na noite anterior, enquanto limpava o salão, desabafei com Helen que eu estava ansiosa, porque nos meus eventos eu 'conheço o meu povo'. Minhas alunas já sabem meu ritmo, minha organização e como é importante sistematizar em todos os detalhes para dar certo.


A dúvida era: dos 17 inscritos, apenas 06 eu conhecia. O sucesso do evento não estava mais em minhas mãos. Pessoas viriam de cidades diferentes, com seus ritmos diferentes.


Por isso não tive medo nem por um segundo de bancar a General nas inúmeras mensagens de mail e telefonemas, cobrando pontualidade.

Horario de chegada, horário de entrega das músicas, cronograma.

Impecável.


Agora descobri que posso realizar um evento com qualquer elenco, que coisa boa saber que gente responsável existe em todos os lugares! Ainda que para isso tenha que ser rígida.


Mãe querendo entrar no camarim, amigo querendo dar recado: pode parar. Comigo não tem disso. Mas ainda tem gente que sai reclamando...não sabe se colocar no seu devido espaço. 40 bailarinos dividindo espaço, imagina se eu deixasse TODAS as mães e amigos entrarem. Né?


Jurados tinham sua mesa, preparadas com muito carinho para recebê-los, com brindes da Contém 1g, pasta etiquetada todas na cor amarelo, caneta, lápis, garrafinha de água e um cachê para cobrir os custos de trabalhar num domingo; e receberam as orientações de pontuar as coreografias e deixar anotações importantes para o desenvolvimento de todos.

Essas fichas serão despachadas a todos os iscritos, ainda essa semana.


O evento terminou no horário estipulado, e enquanto todos foram almoçar para retornar a tarde, pro show de Música, fiquei para ajudar meu marido e arrumar tudo para o evento da tarde; ele afinando a bateria e cuidando dos instrumentos e eu deixando camarim, mesa de jurados e local para receber o pessoal da tarde.



Maeda trouxe consigo uma maçã e esse foi meu almoço. Verônica apareceu com uma garrafa de café. Coisas que só amigas fazem, um mimo que só gente especial, de berço, de coração sabe fazer.



Músicos mais tranquilos, como usual. Chegaram, precisaram ser um pouco acelerados, mas sem a correria de trocar de roupa, maquiar e coisa e tal.

Fiz o cerimonial, mas dessa vez fiquei de cantinho, pois o show era do marido e sua trupe.



Eu também sei qual é o meu espaço e agradeço aos céus por me mostrar isso.

Quem fala o que quer e como quer, leva. E faz muito tempo que eu passo tranquila nesse ponto....justamente por isso: aprendi qual é o meu lugar, aprendi a respeitar hierarquias, aprendi a me colocar no lugar do outro antes de falar, questionar, querer estar sempre certa.

Confesso que na hora da premiação dos artistas da música, fiquei morrendo de vontade de sair na foto,rs, mas esse era o momento do meu marido. E eu ficava ali, emocionada, no cantinho.




Agora é colher os louros, anotar coisas para melhorar - sempre há algo a melhorar - e pensar no próximo.

Porque já tem gente pedindo o próximo.

E ele virá.

Obrigada, universo.

Mais uma vez.


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Fotos no meu perfil profissional no Orkut: Mosaico das Artes

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Por que 'cobrir' a barriga na dança?


Souheir Zaki

''Vou dançar Said, tenho que 'esconder' a barriga''.
''Por quê?''
''Porque minha professora falou.''
Ah, ta, mas por que?''
''Porque é dança folclórica.''
''Mas por que?''
''Ah,porque sim.''
Parece conversa de criança de 5,6 anos -a idade dos 'por quês' - mas isso acontece muito nas aulas de Dança do Ventre.
É usual a informação resumida e rápida: 'vai dançar folclore? cubra a barriga!'
Mas ninguém diz o por que, ou melhor, explica-se que é 'porque' está nos vídeos das bailarinas antigas ou nos figurinos do Reda Troupe.
Hoje, tudo é possível. Até mesmo dançar o 'Said' com traje normal, sem segunda pele ou vestido.
Em tempos de fusões, novidades e ousadias, nada mais é certo, errado ou obrigatório - desde que se tenha bom senso e fique elegante, sempre - é o que EU penso.

Mas vamos aprender um pouquinho sobre o porque de 'esconder' a barriga ou usar a segunda pele/body em danças folclóricas?
A dança folclórica é a representação de um povo ou lugar, num determinado tempo.
As danças folclóricas árabes e egípcias, vem de um tempo antigo e representam locais diversos do Oriente Médio.
Eis a questão: no Oriente, a população se mistura em cerca de 18% da população muçulmana no mundo e também afegãos e iranianos (persas), árabes, indianos e ainda temos que pensar nos povos africanos e asiáticos.

Vitrine de uma loja em Delhi-India

Culturalmente, socialmente e historicamente, com costumes muito diferentes de nós, ocidentais.
Uma das primeiras caracteristicas dessa diferença está nos trajes.

Traje para praia/piscina, no Oriente (muçulmanas)

Mulheres do oriente se vestem com mais recato, ora por causa da religiosidade (muçulmanas, islã, hindus) ora por causa do clima, cultura e/ou tradições milenares.



Barbie, na India. Tirei essa foto em uma loja de Delhi, India.

Com o tempo, a mídida, as mudanças, o traje que antes era composto por bustiê, segunda pele ou collant, saia e cinto,passou a ser utilizado sem a segunda pele.
Atualmente, a segunda pele passou a ser item apenas no folclore.

Segunda pele/body, à venda no site da Yasmin

Quando vamos dançar uma dança folclórica, é preciso ter em mente que iremos 'reproduzir' a realidade de um povo e seu tempo e isso passa pelo traje adequado.


Quando estive na India, haviam certos locais em que era preciso - mesmo como turista - cobrir-se com o véu, ao menos o cabelo. (mesquitas, templos).
Imagine dançar para um povo muçulmano, mesmo que como convidada, sem usar a segunda pele. É desrespeito.


Assim tambem como dançar um folclore com o traje incorreto. Mesmo em tempos de fusão, eu ainda uso a segunda pele.


Usei segunda pele em todos os meus shows na India.

Temos muitos recursos para pesquisa, vamos utilizá-los!

Assim como no Brasil temos as saias curtas do frevo, as longas do carimbó, o pouco pano do samba, também devemos respeitar a cultura e a tradição do oriente.


É para isso que serve 'cobrir' a barriga.
Por respeito a tradição do povo no qual estamos representando a nossa dança.



Souheir Zaki e sua combinação costumeira: ela usava o collant, quase sempre.

Hoje temos body especiais a venda na net, bem como trajes feito sob medida para danças folclóricas.
Pesquise e escolha o seu.
E sempre que tiver um show, pergunte um pocuo sobre o público que vai estar presente, isso pode te poupar de situações inesperadas e, no caso de ter uma família muçulmana presente, te angariar respeito.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

El Tango

Campeonato Mundial de Tango - Buenos Aires/Argentina 2010
400 casais disputaram o título.
O Argentino Diego Ortega e sua esposa, a Japonesa Chizuko Kuwamoto conquistaram o primeiro lugar.
Assistir essa apresentação é uma alegria imensa.
Compartilho com vocês.