Pessoas Lindas!

sábado, 28 de maio de 2011

Errata - O início da Dança do Ventre


Essa foto reflete o que mais amo na Dança: raízes, pertencer a algo, ser livre. Tudo ao mesmo tempo.
Foi tirada 
 pelo meu primo e fotógrafo IQ Perama, em um domingo feliz, numa fazenda centenária. (2008)


O MEU início.


É uma pergunta frequente nas entrevistas que concedo, sempre tem aquele momento: 'Quando você começou a dançar? O que te motivou?' e etc.
Eu sempre respondo - virginiana que sou - ao pé da letra: Ué, começo é começo! Então, sempre falo 'do ballet, da minha primeira professora, dos meus pais me levando para a matrícula' e tals.

Aí que hoje, sabe-se lá o porquê eu pensei:
 'Gente, mas e o MEU início na Dança do Ventre em específico?' e aí, pessoas... eu PRECISAVA fazer essa 'ERRATA' com post explicativo e  tudo para TENTAR corrigir um erro - omissão - dessa minha trajetória.

Minha vida de bailarina clássica começou aos 6,7 anos.

Mas minha vida de BELLYDANCER, começou beeem depois, aos 22 anos de idade, cerca de 12 anos atrás.
E foi muito ''por acaso''.
E foi providencial.
E foi o que me mostrou uma face da vida a qual eu sou muito grata e plena.
E, finalmente, foi pelas mãos DELA, uma grande AMIGA: a NÍVIA.

Na época eu morava em Bauru-SP por ocasião da Universidade e estava há um hiato sem dançar.
Eu dizia a mim mesma que estava velha pra voltar ao ballet- embora sentisse muita saudade - e não tinha como dar conta da vida acadêmica e de bailarina.

Até que tive uma somatização, dores constantes nos pés e tornozelos e minha terapeuta me dizendo:
 ''Volte a dançar!'' e enfins, pra resumir, um dia me aparece a NÍ falando que precisava fazer algo para não pirar naquele fim de semestre, que tinha lido sobre aulas gratuitas de dança do ventre no Teatro Municipal e que precisava de uma COMPANHIA.

A Ni está no meio, de pé. Camiseta branca e riso farto.

Queridos todos, a Nívia, apesar de nome que lembra creme hidratante, aquela coisa suave, meiga, leitosa é preciso dizer: a Ni, não tem NADA disso.

É uma mineira decidida e é a ÚNICA pessoa nesse mundo que consegue me convencer a fazer algo - mesmo quando não quero.
Sendo assim, nem adiantou reclamar ou adiar.

No dia e hora marcados, lá estava eu, em pleno Teatro Municipal de Bauru, totalmente sem ambiente, traje ou sem saber o que fazia ali - minto: eu estava fazendo a minha PRIMEIRA aula de Dança do Ventre - por causa da minha AMIGA.

Sim, estou de pé com o braço levantado. Obrigado Senhor pelo tempo ter sido gentil comigo.


Minha primeira professora de Dv - Grasiele - Bauru-SP


Era o período entre 1999 e 2000, estávamos terminando o bacharelado em Psicologia, todas perdidas naquela sensação do que virá e eu ali, olhando para o espelho absolutamente encantada com as minhas mãos fazendo floreios no aquecimento, com a música (era um cd que vinha na Revista da Khan el Khalili, acho, com Shahar na capa) e eu me 'descobri' naquela sala com gente desconhecida, com uma professora graciosa e meio maluquinha.

Minha amiga, decidida como sempre já foi logo dizendo: 'Isso não é pra mim, não tenho jeito e não tenho paciência para aprender, fica você na turma.'
E assim foi.

O depois, é o agora.

Continuei praticando, comecei a fazer workshops com Lulu, fui da sua primeira turma de Formação, depois workshops nos Festivais Luxor, Aulas Particulares na Khan el Khalili, me tornei Professora, fui contratada pelas Oficinas Culturais do Governo do Estado e comecei a rodar o interior do estado ministrando os meus próprios workshops, até culminar na viagem de imersão à India e Paris patrocinada pelo Rotary Internacional - com shows todas as noites e cursos, dancei para a Banca da Pré-Seleção da Khan el Khalili 2010 e cá estou.

Um dos meus shows na Índia - Raipur 2010


E tudo começou por causa dela, da Ni.

Hoje eu tenho CERTEZA de que não foi 'por acaso' - como o Universo quis nos fazer acreditar.
Ni foi um instrumento muito poderoso que me conduziu pelas mãos - e pela insistência - a trilhar um caminho que abriria muitas, mas MUITAS portas em minha vida.

E eu, gente, nunca a AGRADECI.
Nunca havia parado para pensar sobre isso, refletir ou me dar conta.
Tudo o que sou na dança, devo à ela.
Devo à você, minha AMIGA.

Ela esteve presente na minha primeira apresentação oficial, no Teatro, e estava toda babona, como se eu fosse a mais linda em cena.
Eu e Ni, em minha primeira 'apresentação' em meados de 2000

E ela moveu a família toda e esteve presente no momento tão importante para mim, quando dancei no Harém, por ocasião da Banca.

Meu momento, dançando no Harém -Khan el Khalili - 10 anos depois


E lá estava ela novamente: fez o marido filmar tudo, tirou fotos e ainda saiu falando para TODOS que eu era sua amiga, que eu era a mais linda e a que dançava melhor. 
E olha que teve Nesrine no show e quando eu a 'cutuquei' para ela parar de falar isso em voz alta, ela disse: ''Essa Nesrine até que é bonita e dança bem, mas você é MAIS.''

Tem coisa melhor que amiga assim no mundo, gente?

Que dá colo, que incentiva, que se faz presente, que realmente se importa?

Adriano - marido da Ni, eu, a doce Luíza e Ni na grande noite, no Harém

Ela mora a 800km de mim.
Ela sabe que eu detesto falar ao telefone.

Mas ela sempre se fez presente no físico e no abstrato.

Me enviou presente quando eu me casei - e não a convidei, porque foi uma festa fechada para poucos amigos e familiares da minha cidade. Mas isso não a impediu de enviar o presente, não sem antes escrever uma série de recomendações à meu marido - que ela nem conhecia - para que ele fosse gentil comigo - senão iria ter briga, das boas.

Ela me enviou um postal - que tenho até hoje - quando viajou para a Irlanda.

Eu visitei 13 cidades da India e fiquei 04 dias em Paris e não trouxe nada para ela.

Sempre me convida para os aniversários da filha - e guarda as lembrancinhas para mim.

Sempre lê meu blog - mesmo não dançando mais - e opina sobre assuntos da nossa Arte, pelo prazer em aprender e se fazer interessada na minha vida.

Uma vez eu estava na correria de sempre, nos 'bate e volta' de cursos em São Paulo e ela me convenceu a visitá-la, apesar de eu falar do cansaço que é o dia após o curso intensivo do Habib - quem já fez sabe - mas quem fala não pra ela?

 E foi numa noite assim, tomando vinho e comendo pizza que eu vi como ela havia se tornado uma mulher maravilhosa, esposa, mãe e que sabia dirigir em São Paulo, um luxo.

E foi nessa mesma noite que ela me fez segurar sua filha - eu que, até então nem pensava em filhos, e quando pensava era louca por moleques atentados - saí de lá achando legal a idéia de ter uma filha, desde que fosse parecida com a filha da Ni, a doce, obediente e carismática Luíza.

E foi para a Ní que eu contei que ia ser mãe e ela vibrou, mais uma vez, como se isso fosse um acontecimento único, exclusivo e de suma importância desse mundo e de todas as outras galáxias do Universo.

Ni é assim, intensa pra tudo, pro bem e pro mal e eu sou muito privilegiada, sortuda mesmo, de ter sempre a sua melhor face e seu olhar mais doce e orgulhoso olhando em minha direção e meus atos.

Agora enquanto escrevo, me dei conta que não a convidei pro meu Chá de Bebê - mas ufa! tenho aqui ainda uma lembrancinha! - e não me sinto culpada nem envergonhada, porque sei que nem me lembrei de convidá-la porque tenho a cômoda e reconfortante sensação de saber e sentir que ela está sempre por perto, sempre próxima a mim, semrpre dentro de meu coração e alma.

Ni, você está presente em tudo, porque se fez presente.

Mesmo eu não retribuindo à altura e sendo tão desleixada, minha amiga, você ESCOLHEU me amar, me cuidar e torcer por mim.

Como te recompensar?

E isso é algo que eu não saberei jamais fazer, agradecer ou expressar.

Só queria que soubesse que EU SEI. NÃO ME ESQUECI. E AGRADEÇO.


EU TE AMO.


MUITO.



*que conste nos autos, entrevistas, Google e Biografia: 

O meu início na arte da Dança do Ventre foi por intermédio da minha AMIGA
Nivia Aparecida Gonçalves Masutti

O meu referencial de AMIZADE, também.


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ps: Para quem quiser saber mais sobre a Ni, ela tem um blog lindo, que escreveu na ocasião da morte do Pai e se transformaram em cartas para a filha Luíza. Leia aqui.