Pessoas Lindas!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ventre (Re) Modelado



Foi-se o tempo em que nossa Arte era de raiz, exótica, misteriosa, sagrada e 'para todas.'
Hoje temos um mercado de dança, com um teor artístico e comercial além uma lista de itens que vão de selos e certificações à grandes espetáculos.

É um caminho sinuoso e requer escolhas. Há quem fique e não arrede o pé do conceito primordial de uma dança libertadora e opta por trilhar um caminho às margens do mercado, com corpo, padrões e dança que não necessariamente tem por critério a boa forma, os passos do ballet e as técnicas e fusões atuais.

Há quem se movimente com a onda e se enquadra nos novos padrões, produzindo e criando uma arte permeada de fusões e restrições alimentares, modelagens técnicas, emocionais,expressivas e corpóreas que parecem não ter fim.

Há a 'artista' do seu tempo, dos 'tempos atrás', dos 'tempos atuais' e a de 'tempo algum' que vira e mexe apresenta uma nova faceta, transformando-se com tendências quase como alguem que sofre transtornos de personalidade.

Enfim.

Tudo gira sempre em torno da mesma pergunta: qual caminho você quer seguir? o que a dança significa para você?

Dependendo de sua resposta, aí estão a gama de opções que você deverá seguir ou adaptar-se.

Não se enganem: para cada escolha, uma renúncia. Para cada ganho, uma perda. Para cada padrão assumido (sim, porque até quem diz 'não ter um padrão' tem sim senhor!) há um arcabouço de itens necessários para se manter.

E em meio a tudo isso,
Tenho visto transformações exageradas em nossas Divas, anônimas e bellydancers pelo mundão afora.

Plásticas, botox, silicone, lipo.
Me choquei ao ver uma foto de uma bailarina que admiro- facebook mudando o meu dia - em que fica claro a abdominoplastia mal sucecida, capaz de deixar transparecer em uma foto de perfil - infeliz clique - todas as suturas e ligamentos da 'nova barriga' que pretende fingir que não pariu lindos filhos e nem que a idade chegou.



Precisa tanto?
ps: não é essa foto, essa é do google, só pra ilustrar.

É visível a mudança na dança das que se submeteram a intervenções cirúrgicas. Musculatura muda, a postura também. Ondulações, shimmies, algo demonstra estar contido, endurecido, diferente.

Até que ponto a intervenção cirúrgica vem atender a exigência do mercado ou ao ego que quer ser jovem para sempre?

Sou muito a favor da plástica pelo bem estar, mas jamais pelo 'causar mal estar'.

Me pego pensando se um dia cairei em minha própria teia e farei o que hoje condeno.

Mas isso não me impede de lembrar das Divas de tempos passados, que continuam encantando naturalmente ou, ainda que artificialmente, souberam dosar e ainda é possível reconhecê-las em meio às plastificações.

Quem deve ser eterna é a Arte, senhoras e senhoritas...apenas a Arte...